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Evento feito por todos, para todos

A representatividade é um tema importante que merece atenção e pode trazer benefícios para a sociedade

Hoje em dia, diversidade e inclusão são temas emergentes no meio corporativo. É difícil encontrar uma empresa que não sinta a necessidade de falar sobre o assunto. Um dos motivos que leva as organizações a tratar a respeito é o reconhecimento de que um ambiente diverso é mais criativo e saudável, além de agregar valor ao negócio.

Um tema importante e que deve estar cada vez mais presente na sociedade. Os eventos, como encontros sociais, são ambientes propícios para a promoção da igualdade entre todos os participantes, independente do setor ou cargo que desempenham. Para que isso seja possível, é importante que os organizadores prezem para que o evento tenha acessibilidade universal ou esteja o mais próximo possível da ABNT NBR 9050, norma sobre acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.

Os profissionais de eventos devem ainda atender a LBI, Lei Brasileira de Inclusão, que entrou em vigor em janeiro de 2016. “Essa lei exige que eventos sejam acessíveis para pessoas com deficiência, por exemplo. O que quer dizer isso? Que, ao conduzir um evento público, os organizadores terão de providenciar um intérprete de libras, porque o evento pode ser aberto para pessoas surdas que se comunicam em libras. Eles devem providenciar áudio descrição das apresentações e vídeos, porque pode ter pessoas cegas que queiram participar do evento, se ele for aberto”, explica Ivone Santana, consultora de diversidade e sustentabilidade e fundadora do Instituto Modo Parités, negócio social 2.5 que faz uma ponte entre os interesses sociais e corporativos, com o objetivo de incluir a diversidade, especialmente pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

No caso de eventos fechados, deve-se verificar se existe alguém no público que precise de algum recurso, como acessibilidade arquitetônica, para que a pessoa com baixa mobilidade consiga chegar no espaço – incluindo o palco, no caso de um palestrante que use cadeira de rodas, por exemplo.

Além disso, é importante que o mercado de eventos incorpore a diversidade como visão estratégica, incluindo profissionais diversos nas próprias agências, indo contra o ideal errôneo aplicado há anos em muitas feiras e exposições pelo mundo. “Em um contexto onde as grandes empresas estão começando a ampliar a sua estratégia de diversidade e inclusão, agências de eventos que não estiverem aptas começarão a perder clientes. Além disso, estarão vulneráveis, pois em um contexto onde cada vez mais as pessoas estão atentas e atuantes nesta questão, o risco de ocorrer situações que em um cenário anterior seriam consideradas normais e atualmente consideradas um grande absurdo são imensas”, diz Liliane Rocha, CEO e Fundadora da Gestão Kairós, consultoria que oferece soluções e serviços sustentáveis para indivíduos, empresas e comunidades.

Simbora Gente participa da Feira EBS 2018
Simbora Gente participa da Feira EBS 2018

Em eventos, tanto corporativos como de lazer, as empesas têm buscado desenvolver iniciativas sobre a gestão de pessoas. O tema diversidade faz parte, não somente pela responsabilidade social, mas pelos ganhos na performance e desempenho organizacional. “Promover a diversidade é fundamental para que as empresas criem oportunidades iguais para todos e se tornarem mais sustentáveis e responsáveis. Acredito que a diversidade tem que ser vivida e incorporada de verdade nas corporações, pois o grande diferencial está na diversidade de talentos, de competências e de vivências de cada um. Afinal, ninguém é igual a ninguém, e é nessa diferença que está a grande riqueza da diversidade, que traz inovação e agrega valor para as empresas”, afirma Fabiana Duarte de Sousa Ventura, psicóloga, pedagoga, consultora na área de empregabilidade e idealizadora do Projeto Simbora Gente, que tem o objetivo de favorecer o desenvolvimento da pessoa, a convivência na diversidade, estimular a busca do autoconhecimento e da autonomia de jovens com a deficiência intelectual.

Diversidade na prática

A representatividade de diferentes grupos no meio corporativo, incluindo o mercado de eventos, é algo valioso e que melhora o ambiente profissional em vários aspectos. Essa visão ainda está em desenvolvimento entre as organizações. Enquanto algumas não tratam do tema, outras promovem poucas ações, sem muito compromisso de transformação. Mas temos casos em que o assunto foi parar entre as prioridades.

A KPMG, rede global de firmas independentes que prestam serviços profissionais de Audit, Tax e Advisory, é uma dessas organizações que abraçaram a diversidade. “As ações internas visam sensibilizar os nossos grupos e, na verdade, justamente em trabalhar com todos os pilares. Por exemplo, para as mulheres nós temos um workshop para discutir carreira, seções de treinamento sobre networking, um programa de mentoring, temos a divulgação das nossas pesquisas internas, métricas de salários, promoção, contratação. Então temos uma série de ações”, conta Patrícia Molino, Líder do Comitê de Inclusão e Diversidade da KPMG no Brasil.

Segundo ela, o desafio para a implementação da representatividade é grande, especialmente pela consciência das próprias pessoas. “Acho que é uma jornada. As barreiras são a falta de tempo, o desconhecimento. E eu acho que tem uma outra barreira também, que é o achismo. Você faz duzentas pesquisas, tem os dados, conversa com o grupo, mas aí tem alguém que acha alguma coisa, e o que ele acha invalida todo o trabalho. Então tem o achismo, a homofobia, o machismo também.

Isso acontece porque é muito comum as pessoas acharem que já conhecem o tema por conviver e transitar na sociedade. Mas não há uma reflexão mais profunda sobre os impactos e reflexos que isso traz no grupo como um todo.

A diversidade precisa estar na pauta das empresas, incluindo em seus eventos corporativos. “Ela possibilita um novo olhar, uma visão mais abrangente e plural dos negócios, o que pode resultar em uma melhoria significativa no clima organizacional proporcionando espaços para reflexões além de estabelecer um clima organizacional saudável, respeitoso, criativo e inovador”, diz Fabiana.

Para Liliane, da Gestão Kairós, os profissionais das agências de eventos devem estar capacitados sobre o tema, compreendendo a importância sobre o assunto. “Além disso, atuar com profissionais especialistas em diversidade para ampliar a capacitação das equipes é fundamental. Uma vez que esses profissionais sendo líderes inclusivos, ou seja, pessoas que em suas respectivas funções valorizam a diversidade, certamente disseminarão esses conhecimentos em suas ações”, afirma.

Principal desafio

O principal desafio sobre inclusão e diversidade ainda é a falta de conhecimento, que leva à falta de empatia e impede o despertar para que exista uma necessidade em termos de representatividade em todos os espaços – algo essencial em uma sociedade tão diversa como a brasileira.

“Nós temos, no Brasil, 45 milhões de pessoas com deficiência. Mas vemos muito pouco essas pessoas. Essa falta de convivência, que começa desde as escolas, os espaços sociais, o mercado de trabalho, ela gera uma impressão distorcida de que o padrão de beleza é aquele padrão de modelo, que é jovem, branco e bem-sucedido. Então o principal desafio é o reconhecimento de que isso é uma distorção da sociedade, nós segmentarmos os grupos por esse grupo branco, é uma visão distorcida. Se a gente quer uma representatividade da sociedade, nós precisamos incluir os públicos diversos”, destaca Ivone.

De um modo geral, trabalhar com a diversidade e pluralidade é desafiador. Para a idealizadora do Projeto Simbora Gente, temos que ser agentes de transformação. “Apesar de toda essa liberdade de expressão, o preconceito ainda toma proporções gigantescas e, mesmo que grande parte das pessoas reprovam este comportamento, algumas, infelizmente, se identificam com ele. Ainda não há compreensão de que a educação é o ponto inicial para a mudança, que precisamos ensinar que somos diferentes e devemos respeitar e não apenas lidar com isso”, declara Fabiana.

Mercado de eventos mais representativo

A diversidade está presente em vários níveis e formas de discussão, desde a questão do seu valor para as empresas, até como obrigação legal. Assim, é de responsabilidade dos planejadores de eventos a remoção de possíveis barreiras, evitando a discriminação em diferentes tipos de encontros, considerando vários aspectos sobre a diversidade, incluindo acessos necessários, linguística, etnia, opção sexual, dentre diversos outros. Essa é uma questão de dever cívico, e o mercado MICE pode desempenhar um papel importante e transformador, especialmente sobre a conscientização da importância da representatividade.

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