Publicado em 13/11/2025
A 30ª COP (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), está sendo realizada no Brasil em 2025, e não é apenas mais um encontro internacional; ela representa um marco crucial na agenda global de sustentabilidade e um ponto de inflexão para inúmeros setores econômicos.
Para o segmento MICE (eventos corporativos, incentivos, feiras e congressos), esse evento é um catalisador de transformação, redefinindo práticas e elevando padrões em escala global.
A Magnitude da COP30: um evento de impacto global
As COPs são os maiores fóruns de discussão e negociação sobre mudanças climáticas no mundo. Elas reúnem chefes de estado, negociadores, cientistas, ativistas e representantes da sociedade civil de mais de 160 países para debater e estabelecer metas e políticas climáticas.
A COP30, em particular, ganha uma significância adicional por ser sediada na Amazônia brasileira, uma região vital para o equilíbrio climático do planeta.
Os temas centrais dessa edição são complexos e abrangentes, incluindo a urgente redução de emissões de gases de efeito estufa, o financiamento climático para países em desenvolvimento, a transição energética para fontes renováveis, a preservação de florestas (com foco na Amazônia), a adaptação às mudanças climáticas e a justiça climática, reconhecendo os impactos desproporcionais sobre comunidades vulneráveis e povos tradicionais.
A magnitude dessas discussões e o número de participantes demandam uma organização e infraestrutura excepcionais, sob o mais rigoroso escrutínio ambiental e social.
O setor MICE: um gigante econômico em busca de sustentabilidade
Sabendo do papel do setor MICE como potência econômica global. Antes da pandemia, estimava-se que a indústria de eventos corporativos movimentava centenas de bilhões de dólares anualmente, gerando milhões de empregos diretos e indiretos em todo o mundo. No Brasil, não é diferente: congressos, feiras e eventos corporativos são motores de desenvolvimento regional, impulsionando o turismo, a hotelaria, o transporte, a gastronomia e uma vasta cadeia de fornecedores.
Essa indústria não apenas fomenta negócios, mas também é um epicentro para a troca de conhecimento, inovação e networking que movem diversos setores.
No entanto, essa pujança econômica não vem sem um custo ambiental. Grandes eventos historicamente geram uma pegada considerável em termos de consumo de recursos, produção de resíduos e emissões de carbono, principalmente devido a viagens e logística.
A confluência: COP30 como vetor de transformação para o setor MICE
A realização da COP30 no Brasil cria uma confluência única entre a urgência da agenda climática e a capacidade de organização do setor MICE (eventos corporativos, incentivos, feiras e congressos). Este evento será um “laboratório” e um “showroom” em tempo real para as melhores práticas de sustentabilidade em larga escala.
O impacto no setor será multifacetado:
- Elevação dos padrões de operação:
A necessidade de organizar a COP30 com o mínimo de impacto ambiental forçará centros de convenções, hotéis e toda a cadeia de fornecedores (catering, montagem, tecnologia, logística, transportes) a adotar padrões de sustentabilidade de classe mundial. O que antes era um diferencial – como certificações ambientais, gestão de resíduos “lixo zero” ou uso de energias renováveis – passará a ser uma exigência e o novo patamar de referência.
- Aumento da conscientização e demanda:
A visibilidade global da COP30 e os debates intensos sobre as mudanças climáticas ampliarão a consciência sobre a importância da sustentabilidade. Consequentemente, clientes corporativos, associações e participantes de eventos MICE se tornarão mais exigentes, buscando parceiros que comprovem um compromisso genuíno e mensurável com a sustentabilidade. A “licença social para operar” no futuro estará ligada à responsabilidade ambiental.
- Aceleração da inovação e novas oportunidades de negócio:
A pressão por soluções sustentáveis impulsionará a inovação em todo o ecossistema MICE. Veremos o surgimento e a proliferação de novas tecnologias para monitoramento de consumo, materiais ecológicos, modelos de transporte de baixo carbono e plataformas digitais que reduzem a pegada física dos eventos. Isso abrirá portas para novos negócios, produtos e serviços especializados.
A COP30 no Brasil não é apenas um evento para se observar, mas para se engajar ativamente. Para o MICE, é uma oportunidade de demonstrar liderança e inovação na agenda da sustentabilidade.
Profissionais e empresas que se anteciparem a essa onda, integrando a sustentabilidade como um pilar estratégico e operacional, não apenas sobreviverão e prosperarão, mas também consolidarão o Brasil como uma referência global em eventos conscientes e responsáveis.
O futuro do MICE é verde, e ele já começou.
