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Humanizando o mercado: o valor de um colaborador inspirado

Na 3ª edição do Congresso MICE Brasil, empresas provam na prática que centralizar o funcionário na estratégia oferece ótimos resultados

O Centro de Convenções Rebouças recebeu nos dias 6 e 7 de junho de 2018 a terceira edição do Congresso MICE Brasil, evento que reuniu cerca de 400 profissionais do setor MICE (meetings, incentives, conferences and exhibitions) para uma rodada de palestras e debates relacionados ao mercado de eventos corporativos como feiras, conferências, incentivos e congressos.

Os principais players do setor participaram de atividades dirigidas aos profissionais de eventos, rh, marketing, treinamento e compras durante os dois dias de Congresso que aconteceu durante as manhãs da Feira EBS deste ano. O tema abordado nesta terceira edição foi “O MICE visto por inteiro – Os números são tão importantes quanto as pessoas”, que trouxe reflexões sobre o protagonismo dos funcionários dentro das empresas e a importância do incentivo e valorização dos recursos humanos.

Confirmando a teoria de que colaboradores inspirados são 40% mais produtivos, especialistas mostraram o porquê centralizar o funcionário na estratégia de negócio e alinhar suas necessidades como prioridades da empresa geram excelentes números.

Um retrato atual do setor

Após reunir os principais players do mercado de eventos nos últimos dois anos, o Grupo EventoFácil decidiu traçar um panorama com a primeira pesquisa setorial do mercado MICE. Realizada no mês de maio deste ano, 1672 profissionais de empresas contratantes e 525 agências prestadoras de serviços foram convidadas a responder a uma pesquisa online sendo que 3,5% e 10% aderiram respectivamente.

Levando em conta o cenário político-econômico turbulento, o balanço visa dar uma perspectiva de mercado e os impactos que o momento atual podem ter gerado no setor.

Welcome coffee do Congresso MICE Brasil 2018

Os resultados

Quando questionadas se a instabilidade política prejudica seus negócios, as agências se mostraram mais impactadas com 83% se declarando muito afetadas. Já 79% das empresas alegaram o mesmo. Apesar dos números, o nível de otimismo com a performance de 2018 segue em alta, 46% de funcionários de empresas se mostram positivos contra 34% negativos (os demais 20% se declararam neutros). Os profissionais de agências estão ainda mais esperançosos: 72% têm expectativas otimistas e apenas 2% pessimistas (os 26% restantes estão neutros).

Uma das maiores preocupações em ambas as áreas continua sendo ele, o budget. A previsão para 2018 é cautela, mas sem grandes quedas. Para 58% das empresas o orçamento manteve-se nos mesmos níveis ou cresceu 25%. Nas agências os resultados são semelhantes: 53% declararam estabilidade no budget em relação ao ano passado. Os números são um parâmetro geral do mercado incluindo eventos e incentivos. A seguir, a pesquisa mostra dados dos setores separadamente.

Eventos

Comparada a 2017, a expectativa em relação à quantidade de eventos este ano se mantém positiva: nas agências 70% preveem um aumento no número de experiências. Em contrapartida, nas empresas as opiniões se dividem: 35% responderam acreditar no crescimento e outros 35% declaram esperar um decréscimo.

Quanto ao porte dos eventos, ambos os lados não esperam grandes mudanças. Para 52% das empresas e 41% das agências a demanda de tamanho dos eventos continuará igual. Outra grande preocupação do setor é o impacto da tecnologia e a substituição de reuniões e conferências pessoais por virtuais. Nas agências, 80% dos profissionais não acreditam que os eventos físicos sofrerão queda. Já nas empresas, 50% declaram não haver alterações e outros 40% esperam interferências parciais.

Convenções e eventos de conteúdo estão em alta no mercado nos dois lados do balcão. Quando questionadas quanto aos tipos de eventos que são tendência, as agências pontuaram as Convenções em primeiro lugar e as empresas elegeram o formato entre os top 3 perdendo apenas para “Participação de eventos de conteúdo”.

Na outra ponta do ranking, a modalidade “Comemorações” segue em baixa tanto para agências quanto para empresas. Um reflexo claro do cenário político-econômico pouco animador.

O regime de contratação com certeza foi o aspecto que gerou maiores divergências entre empresas e agências. As contratantes afirmam que, no caso de eventos de pequeno porte, não terceirizam o serviço. Mas quando realizam parcerias com agências o modelo de contrato anual é o mais adotado por elas. Para as agências, a forma mais habitual, principalmente para eventos de grande porte, é a concorrência job a job.

No caso das concorrências, a maioria das empresas respondentes alegaram homologar até 3 empresas para competir pela contratação. Para as agências esse número é maior, até 5. Existem casos de empresas que convidam dezenas de agências para participar de concorrências, prática malvista pelos profissionais que prestam serviços de eventos que acabam cedendo para não perder oportunidades. O principal critério na hora de escolher uma agência, em tempos de crise, é o preço. Aparentemente, as empresas estão abrindo mão da excelência por um serviço que não afete tanto o orçamento. Outro ponto polêmico é a forma de pagamento, a maior parte das empresas declaram pagar em 30DD, mas as agências reclamam de prazos mais elásticos como até 120 dias após a realização do evento.

Agências e empresas alegam que a experiência no dia a dia é a melhor maneira de qualificar um funcionário, porém a participação em eventos, como o MICE Brasil, ajuda a adquirir conhecimento.

Incentivos

Ao contrário do setor de eventos, a expectativa de programas de incentivo apresenta uma discrepância de opiniões. Para 84% das empresas será menor ou igual. Já para as agências, 87% acreditam que será maior ou igual.

No quesito premiações a resposta é unânime: ambos consideram que viagens, principalmente as domésticas, estão em alta e são a melhor opção.

A forma de contratação mais habitual segundo as empresas é o regime de contratação anual e a mais citadas pelas agências é a concorrência por programa, mesma divergência do setor de eventos. No caso de concorrências, as empresas declaram convidar 3 agências para participar do processo, porém boa parte das contratantes afirmam homologar até 5. Para as agências, a percepção majoritária é de ter até 5 concorrentes por job. A divisão de eventos em duas ou mais agências (logística e criação, por exemplo), segundo as empresas é um formato pouco utilizado. Para as agências a divisão se mostra mais habitual.

No quesito capacitação de profissionais a experiência do dia a dia também está em primeiro lugar, seguida de cursos e participação em eventos.

Avaliação de resultados

Em ambos os setores de Eventos e Incentivos, empresas e agências declaram utilizar pesquisas de satisfação e superação de metas como métodos para medir resultados.

A pesquisa foi elaborada por Alexis Pagliarini, diretor superintendente da FENAPRO e sócio-diretor da ATP.

Primeiro dia: os números

O primeiro dia de Congresso começou com um discurso de boas vindas do CEO do Grupo EventoFacil, Marcello Baranowsky, seguindo a tradição das edições anteriores. A primeira palestra ficou por conta do keynote, presidente do Instituto de Pesquisa Locomotiva, Renato Meirelles, falando sobre o panorama econômico voltado para as demandas do mercado MICE. “Essa montanha russa das mudanças sociais do Brasil fez com que, na prática, passasse a existir um distanciamento entre o capital cultural das pessoas e o capital financeiro”, argumenta. “Hoje, 97% dos brasileiros afirmam que foram pessoalmente atingidos pela crise. Eu ainda estou à procura dos 3% que não disseram isso”. Meirelles também abordou temas como o impacto das tecnologias no comportamento do consumidor e a necessidade de mudança de postura das marcas para fidelizar clientes. “O Brasil mudou e vai continuar mudando. Cada vez mais o conteúdo e a experiencia serão fundamentais para conquistar esses consumidores.  Vão crescer as empresas que souberem fazer um exercício de humildade e se colocarem no lugar do outro”.

Alexis Pagliarini seguiu ocupando o lugar no palco com o retrato do setor abordado acima. “As incertezas do Brasil atual nos levaram a pensar em uma pesquisa setorial. Feita no mês de maio até o início da greve dos caminhoneiros”, explica. “Na minha opinião, o grande medidor de sucesso é quando as pessoas superam as metas pré-estabelecidas”.

O panorama na visão de Feiras e Eventos

O diretor da FENAPRO atuou como mediador do primeiro debate do MICE Brasil deste ano: “O panorama na visão de Feiras e Eventos”, que contou com a participação de profissionais renomados do segmento como Paulo Octávio, VP Comercial da Reed Exhibitions Alcântara Machado, Ana Carolina Melo, projetos especiais na HPE, Fernando Guntovich, CEO da The Group e Fernanda Gaspar, marketing da EDP Energias do Brasil S/A. O primeiro assunto abordado foi como as respectivas empresas vêm lidando com o cenário atual do país. “Conseguimos ver que a validação de eventos como um geral é algo que apesar da intensa crise vem aumentando a confiança empresarial”, diz Paulo. “O setor automobilístico com certeza é um dos mais sensíveis e um dos que mais sofrem com isso”, declara Ana Carolina. Entre os três participantes, a The Group se manteve mais otimista. “Basicamente os clientes mantiveram os investimentos. O importante é buscar mandar a mensagem certa no momento certo e é isso que nós tentamos fazer”.  Segundo Fernanda, 2018 está sendo positivo para a EDP. “O budget se manteve e os eventos corporativos e institucionais da marca cresceram, apesar dos clientes terem diminuído seus orçamentos”.

A avalanche digital no universo corporativo também foi questionada durante o painel. “Sabemos que o cliente está muito mais antenado no virtual, então houve sim um impacto”, revela Carolina. “A EDP vem trabalhando muito a presença de marca, então não gerou impacto. Muito pelo contrário, nós estamos precisando até melhorar esse aspecto”, afirma Fernanda Gaspar. Para Guntovich, as novas tecnologias vieram para somar no mercado de eventos e geram apenas impactos positivos: “Todas as coisas de digital e social media para mim são maravilhosas. Acredito que o digital veio muito mais para ajudar e não atrapalhar”.

Para finalizar, Pagliarini confirmou os dados de sua pesquisa a respeito de regimes de contratação durante o debate. “Para a realização de eventos nós contratamos job a job. Costumamos fidelizar alguns fornecedores desde que haja uma troca espontânea entre as duas partes”, atesta a funcionária da HPE. “A última concorrência não foi do jeito que nós esperávamos, mais de 5 agências não é um movimento saudável nem para nós nem para elas”, afirma Fernanda.

O panorama na visão de Incentivos

Dando sequência aos painéis, Pagliarini conduziu o debate no mercado de incentivos baseado em sua pesquisa setorial. Silvana Torres, fundadora e presidente da Mark Up, José Zuquim, CEO da Ambiental Viagens e Turismo, Ana Boyadjian, head de Promoções e Incentivos da The Group e Lívia Andere, trade marketing da Whirlpool Corporation protagonizaram a discussão.

Questionados a respeito do panorama de 2018 sob a perspectiva dos clientes, todos os participantes apresentaram empresas motivadas e otimistas. “Paradoxalmente, anos de crise costumam ser anos positivos para geração de negócios para a nossa empresa, pois nós temos uma proposta de gerar ações para vendas”, diz Silvana. “Teve muita demanda. A gente tem muita dificuldade de projetar, pois somos demandados pelas agências então tivemos que abrir mais um andar”, conta Zuquim. Mesmo em tempos difíceis, as empresas enxergam na crise uma oportunidade de crescer e inovar. “A gente realmente se faz valer de crises como oportunidades para campanhas, incentivos, campanhas de relacionamentos, etc para trabalhar a nossa expertise estratégica”, conta Ana. “Nós vemos como oportunidade, pois é no caos que temos a oportunidade de nos renovar”, afirma Lívia.

Premiações em dinheiro costumam gerar polêmica tanto do ponto de vista das empresas quanto das agências. Segundo os participantes, o importante é criar a campanha em parceria com o cliente e se ajustar aos pré-requisitos solicitados por eles. “O ideal é quando nós estamos envolvidos com o processo e podemos criar isso junto com o cliente, de entender qual o perfil daquele público”, diz Ana. “Não existe certo e não existe errado. Existe qual é o propósito da campanha”, finaliza Silvana.

Global Exhibitions Day

O vice-presidente sênior para América Latina da Reed Exhibitions, Juan Pablo de Vera, encerrou a primeira manhã de painéis do MICE Brasil com um discurso de comemoração do Global Exhibitions Day, data que celebra a importância da indústria de feiras e eventos.

Promovida pela UFI- Global Association of the Exhibition Industry, entidade mundial do setor, atualmente representa um total de 31.000 feiras que acontecem anualmente. O objetivo do Exhibitions Day é mostrar a relevância do mercado de exibições e refletir sobre seus impactos na geração de empregos e responsabilidade sobre a criação de novos negócios nos demais setores. Este ano, as comemorações atingiram mais de 80 países ao redor do mundo.

Segundo dia: as pessoas

Após uma manhã focada em dados e números, o segundo dia de painéis abordou temáticas mais humanas e como as relações entre empresas e colaboradores afetam os resultados finais. Novas formas de economia, mudanças na cultura corporativa e experiências de descompressão foram algumas das alternativas de repensar o dia a dia em grandes companhias.

Criatividade e inspiração

Autora do livro “Economia das Dádivas” e sócia-fundadora da agência Umbigo do Mundo, Marina Pechilvanis abriu a rodada do dia 7 com seu case “Tendências que podem inspirar e transformar as relações entre pessoas e marcas no ambiente MICE”. A abordagem inicial serviu como pano de fundo para discussões a respeito das relações entre marcas e pessoas, além de modelos econômicos onde o dinheiro não é o protagonista. “Faça o que tem a ver com o seu modelo de negócio, todos podem desenhar novas fronteiras e novos horizontes. As mudanças são feitas por gestos grandes ou gestos pequenos”. “Nós vivemos em uma era extremamente complexa onde o que era dado como valioso perdeu completamente o seu sentido. Estamos aqui para revisitar as velhas fórmulas e formatos por esse novo circuito de energia formado por pessoas”.

Lidiane Orestes, assessora da Diretoria de Estratégia e Organização do Banco do Brasil, trouxe o case Inspira BB, uma iniciativa idealizada por um grupo de funcionários de diferentes setores da empresa que visa repensar o papel do profissional e gerar empatia entre eles. “O evento é a ponta do iceberg que as pessoas conseguem enxergar, mas é um movimento que busca compartilhar conhecimento, inspirar reflexões, ideias e ações sob uma perspectiva inovadora de pensar o ser humano, a sociedade, a família, o trabalho e as relações entre todos nós”, explica Lidiane. “A gente percebeu que o banco passava por um problema de identidade, a gente passava por uma questão de falta de reconhecimento do nosso papel, falta de enxergar a missão do nosso trabalho”.

Ralph Peticov, co-fundador e experience designer no Hack Town foi o painelista seguinte. O case chama a atenção pela ousadia e criatividade do formato: ocupar uma cidade inteira, em todos os seus espaços e fazer dela uma grande experiência de expressão de talentos a céu aberto. Realizada na cidade mineira de Santa Rita do Sapucaí, região com forte atividade tecnológica e investimento massivo em educação, o evento é organizado por outros 3 sócios além do palestrante. São 250 atrações entre palestras, workshops, showcases e festas acontecendo em 20 locais diferentes como bares, restaurantes, praças e escolas com o intuito dos visitantes aproveitarem tudo que a cidade tem para oferecer. “Paixão é o principal filtro que a gente usa. Não existem palestrantes profissionais e na hora de fazer a curadoria eu prefiro chamar um cara apaixonado pelo conteúdo do que um cara que se diz especialista”, conta Ralph. “A paixão busca o novo, cutuca onde ninguém quer cutucar”. Ali, dinheiro não é prioridade. O objetivo é conectar pessoas que compartilhem dos mesmos interesses e a partir daí transformar vidas.

O festival chegou a ser fonte de inspiração para um episódio da série Black Mirror onde os presos pedalam para diminuir um dia de suas penas. “O Hack Town é uma oportunidade de você invadir sua própria mente, instalando um novo sistema operacional de código aberto”, finaliza Peticov.

O Burning Man é uma das experiências de contracultura mais disputadas do mundo, conseguir um ingresso é quase uma questão de sorte. O contato oficial do evento no Brasil, o artista plástico Daniel Strickland, trouxe o case que quebra muitos padrões para acalorar ainda mais o debate no segundo dia de Congresso. Idealizado a partir de dez princípios que funcionam como condutas de comportamento dentro da cidade temporária construída no Black Rock Desert, em Nevada, o evento é um verdadeiro experimento social que coloca o ser humano em contato com sua verdadeira essência. “Tentar explicar o Burning Man para quem nunca foi é como tentar explicar o vermelho para quem nunca enxergou”, diz Strickland. Ali não existem espectadores, todos os participantes colaboram e são responsáveis por tudo que acontece durante os sete dias de experiência, seja trabalhando na montagem, nos acampamentos ou bares. “Tudo que eu via antes era uma fração muito pequena dessa experiência. A sensação é de encontrar pela primeira vez um ser humano genuíno, sem relações comerciais, financeiras, o ser humano passa a se reconhecer”, conclui.

Os “habitantes” da chamada Black Rock City, considerada a quarta maior do estado americano, são os responsáveis por tudo que acontece ali. Não existe nenhum tipo de curadoria do evento, a organização não dita quais atrações serão parte da programação. “Agora a organização está descentralizando o evento para propagar os conceitos pelo mundo. Em 2019, teremos a primeira edição no Brasil de uma organização regional com o apoio do Burning Man, embasados nos 10 princípios que regem a cidade”, explica.

Captação de recursos e formas de expressão

Com a iniciativa de reunir as dádivas apresentadas pela moderadora Marina Pechilvanis, os três painelistas realizaram uma roda de conversa com seus cases completamente distintos que se encontravam em um ponto em comum: o humano.

As relações monetárias em cada um se apresentam de maneiras particulares.

O Inspira BB, criado para ser uma ponte entre a empresa e seus funcionários e sem nenhum tipo de fim lucrativo, o Hack Town, experiência que visa gerar um lucro consciente para o meio e seus organizadores e por fim o Burning Man que é a ausência total de moeda dentro de um contexto social. “Como a gente fala de um evento onde o maior público é corporativo, é interno, o dinheiro não cobre ingresso. Ali está muito ligado ao reconhecimento profissional, ou promoções, etc. O Inspira não é nada disso, ele não busca isso”, explica Lidiane.

“Eu injeto muito dinheiro na economia local e no último Hack Town nós deixamos cerca de 10 milhões, porque eu acredito no lucro e propósito”, contrapõe Peticov.” Nós acreditamos no lucro, o festival é feito para dar lucro, mas a gente tem algumas regras quanto a isso. Selecionamos quem serão nossos patrocinadores e não aceitamos dinheiro público em hipótese alguma”, explica.

“É o extremo da contracultura, o dinheiro lá não compra nada, não vale nada e não aceitamos dinheiro de patrocinadores. Então tentamos eliminar o dinheiro de uma equação”, conta Strickland a respeito do Burning Man.

Apesar das diferenças, todos os cases possuem semelhanças quando o assunto é a valorização do indivíduo em suas singularidades. “Para um profissional colocar o seu melhor ele também precisa colocar o que ele é”, diz a assessora do Banco do Brasil. Ao ser questionado sobre novas formas de pensamento saindo do ideal o co-fundador do Hacktown garante: “Devemos celebrar as nossas diferenças, por isso o Hacktown não levanta bandeiras. Ao mesmo tempo, eu crio ambiente onde você se sinta seguro para se expressar”.

Com uma postura mais radical quanto a quebras de padrões, o Burning Man valoriza a individualidade. “O ser humano é muito único, individual, a sociedade que tenta nos fazer seguir um comportamento. Lá conseguimos perceber o quão bizarro é cada um. Temos a falsa impressão de que somos parecidos, mas cada um é muito peculiar”, apontou Strickland.

Gestão de talentos

“Gente é o principal ativo da nossa indústria, se não cuidarmos das pessoas esse mercado não sobrevive, pois é um mercado de conexão, contato, humanização, no qual as pessoas têm que estar no centro do processo”, afirma Alinne Rosa, diretora de RH da Reed Exhibitions Alcântara Machado, última palestrante e moderadora de debates do Congresso deste ano. Líder do projeto de reestruturação de cultura da empresa que em apenas nove meses conseguiu mudar o modelo de pensamento e motivar colaboradores que se tornaram mais produtivos, ela afirma que eventos de integração melhoraram exponencialmente os rendimentos da multinacional. “As pessoas se tornaram mais produtivas, com mais qualidade, velocidade e resultado”.

Outras empresas como o Grupo GL Events e o Banco de Eventos seguem um caminho parecido no setor de recursos humanos. Representadas pela diretora de Recursos Humanos, Lana Salles e pelo diretor-geral Marcio Esher, respectivamente, as companhias apresentaram suas ações de gestão de talentos durante o último debate do dia.

Segundo Lana, a GL Events busca incluir os colaboradores no centro das necessidades da empresa gerando emoções para clientes e funcionários. “Num processo com workshops passamos a ouvir o que as pessoas queriam. Elas têm sonhos, planos e desejos, além de potenciais para serem desenvolvidos”. Esher compactuou com a mesma ideia praticada no Banco de Eventos. “O colaborador precisa ter o senso de pertencimento, como parte e não apenas como um número”, aponta.

Comemorações como Carnaval, Halloween e confraternizações de fim de ano se tornaram fixas no calendário de empresas que buscam inspirar seus funcionários, mas a preocupação com o rendimento por parte dos gestores é clara e a abertura para o profissional se sentir livre para se expressar e participar são pontos que convergem na mesma balança. “A vontade do líder de fazer a diferença está muito calcado na relação que ele estabelece com seus funcionários independentemente do nível hierárquico e da responsabilidade que ele venha a ter. É importante estar no meio e saber dos seus colaboradores”, fala o diretor do Banco de Eventos.

“A palavra mágica é responsabilidade. Quando você interrompe o expediente para fazer alguma outra atividade sabendo que temos prazos, eventos e responsabilidades para entregar a chefia apoia porque sabe que aquele é um momento de confraternizar e interagir. Após isso o comprometimento volta da mesma forma que estava antes”, conta Lana.

Para Alinne Rosa, a partir das premissas: confiança, empoderamento e propósito é possível reestruturar qualquer empresa, desde que a mesma tenha o total apoio dos gestores. “É essencial ter uma liderança que patrocina a transformação cultural se não dificilmente ela vai acontecer”.

Ao fim dos painéis os presentes foram convidados a visitar a Feira da EBS e assistir as palestras das Arenas Experience que deram continuidade ao evento que aconteceu em paralelo ao Speed Meeting (rodadas de negócios).

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