Entretenimento e tecnologia em eventos
Um dos setores que vêm se destacando no Brasil e em todo o mundo, sob a análise de alguns pesquisadores, nos últimos anos, é o de entretenimento.Publicado em 20/04/2020
Um dos setores que vêm se destacando no Brasil e em todo o mundo, sob a análise de alguns pesquisadores, nos últimos anos, é o de entretenimento.
De acordo com a consultoria PriceWaterhouseCoopers, em sua “18ª Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia 2017-2021”, o mercado global de mídia e entretenimento crescerá a uma média anual de 4,2% nos próximos cinco anos e, em 2021, chegará a US$ 2,23 trilhões. O levantamento analisou 17 segmentos do setor em 54 países, representando cerca de 80% da população mundial.
No Brasil, o faturamento do setor de mídia e entretenimento deve chegar a US$ 43,7 bilhões em 2021. Se conseguirmos associar a área de eventos corporativos com a tecnologia e entretenimento, teremos eventos mais interessantes e teremos ainda um ganho significativo na percepção do consumidor.
Por isso, segundo a mesma pesquisa da PriceWaterhouseCoopers , a expectativa é que o faturamento do setor de entretenimento aumente 4,6% ao ano no Brasil até 2021.
“Esse cenário deverá impulsionar o crescimento das plataformas digitais, com reflexos positivos nos mercados de games, música e publicidade na internet”, diz Estela Vieira, sócia da PwC Brasil e especialista em Mídia e Entretenimento.
Em 2021, os gastos com streaming de música , por exemplo, deverão ser dez vezes maiores em relação aqueles com a mídia física.
O consumidor, no entanto, continuará comprando ingressos para shows ao vivo, segmento que deverá crescer a uma taxa média anual de 5% no país até 2021 – o Brasil é líder no segmento de música na América Latina.1 Ou seja, o Brasil já tem um cenário consolidado na área de música ao vivo e de entretenimento.
Basta agora, associá-lo a mais tecnologia e a outros tipos de eventos. Diante desse cenário vale a pena ressaltar que os gastos do consumidor atual – quando falamos de acesso a internet – tem uma expectativa de atingir 50% até 2022.
Ou seja, a sociedade também está mais online. São cerca de 4 milhões de pessoas conectadas (O que vale dizer 57% da população do planeta). Sendo que essa conexão aparece em todos os ambientes – principalmente em eventos (físicos), entretenimento, educação, esportes, saúde, finanças, entre outras.
Por isso, o organizador de eventos deve estar atento, para entender que eventos, o entretenimento e a tecnologia deverão estar associados, para que os clientes e consumidores possam perceber que essa possibilidade de adesão das grandes empresas e marcas, será necessária cada vez mais.
A participação e interação de empresas nos eventos físicos, não podem deixar de lado a tecnologia e o entretenimento, que devem ser utilizados como aliados, e como uma extensão do seu evento na cabeça do consumidor. Pois muitas marcas e empresas já perceberam o quanto podem lucrar ao se associarem seus eventos ao entretenimento; pois este setor apresenta uma maneira de consolidar relacionamentos e experiências mais prolongadas junto ao seu consumidor.
Novamente, a missão dos produtores de eventos é associar esse novo cenário às práticas tradicionais e presenciais, não esquecendo que o principal objetivo é alcançar o Consumidor.
Pensando nessa percepção do consumidor, temos que analisar seu comportamento para entender qual a melhor maneira de conquistá-lo.
Para o psicólogo Robert Plutchik (2001) existem, em cada consumidor, oito tipos de emoções primárias e suas variações: Medo, Raiva, Alegria, Tristeza, Aceitação, Aversão, Antecipação e Surpresa.
Esses tipos de emoções primárias aparecem muitas vezes no comportamento dos consumidores de eventos de todos os tipos. Uma vez que podem ser manifestadas no momento da inscrição em um evento (seja ela no modo físico ou virtual), na fila de entrada de um congresso, de uma feira; nas mesas redondas de negociação, no encontro diretamente com os palestrantes, ou mesmo, frente a alguma atitude ou comportamento de um dos profissionais dos estandes de venda direta.
Além dessas emoções primárias, segundo o autor, também existe a chamada “disposição do cliente”, para que haja o consumo dentro de um evento. Essas disposições são emoções sentidas em menor intensidade e estão sempre presentes no ser humano, mas duram pouco. São fáceis de induzir e aparecem e desaparecem da consciência com prontidão e frequência. As disposições afetam o comportamento momentâneo geral e são induzidas por estímulos externos, podendo ser positivas ou negativas.
Esses estímulos externos poderão ser verificados por meio do planejamento do ambiente dentro de um evento, como apresenta a análise de Schiffman (2000, p.123): “O planejamento do ambiente de serviços influencia o comportamento do consumidor e do empregado. O ambiente físico é particularmente importante na criação de uma impressão favorável para o setor de serviços”.
Para a área de marketing, as emoções e as disposições orientam muitos comportamentos de consumo, onde esse consumo, para as pesquisadoras Barlow e Maul (2001), é uma experiência cheia de emoções positivas e negativas.
Nos estudos de Eric Rosenberg, citado por Barlow e Maul (2001, p.17), se afirma que: “As emoções são fortes, intensas, e em geral resumem mudanças psicofisiológicas decorrentes da resposta a uma situação significativa em um ambiente”.
Para Barlow e Maul (2001), há três momentos em que se deve prestar atenção:
a) Emoções dizem respeito ao que importa ao cliente;
b) Emoções são experiências relativamente breves e nos fornecem uma visão instantânea de como os clientes se relacionam com o serviço;
c) As emoções são seguidas de mudanças corporais.
Segundo os estudos das autoras, as emoções dizem qual será o comportamento provável dos clientes. Se ficarem irritados – com qualquer situação durante um evento, vão se sentir ameaçados e ficarão prontos para “atacar”. Se sentirem medo, os clientes poderão ir embora e não voltar.
Isso talvez explique porque é tão importante associar o entretenimento e os shows musicais em qualquer tipo de evento. Se os clientes se sentirem satisfeitos, entusiasmados ou encantados, tenderão a ficar mais tempo e a voltar para vivenciar novamente esse sentimento. (BARLOW e MAUL, 2001).
A indústria do entretenimento estimula da venda de emoções, de acordo com Barlow e Maul (2001), por isso, o objetivo dessa indústria é criar um impacto emocional nos consumidores, onde as emoções fazem parte de toda a experiência de comunicação e devem ser reconhecidas pelos organizadores de eventos.
Essa experiência de comunicação, talvez justifique a preocupação de se produzir eventos mais elaborados, com mais tecnologia, com efeitos especiais, luzes diferenciadas e cenografias sofisticados.
Talvez isso justifique uma maneira de consolidar os relacionamentos entre empresa e consumidor. Para as autoras Barlow e Maul (2001, p.26): “ Uma maneira saudável de ver as emoções é considerá-las a base para novos relacionamentos.”
Na área de marketing, ainda segundo as autoras, o comprometimento é assumir a responsabilidade de ser confiável, de criar um sentimento de vínculo. Receber bem – na área de eventos -, para essas pesquisadoras, significa aproximar-se de alguém para criar um sentimento de compatibilidade e fazer todo o possível para ajudar as pessoas.
É por isso que qualquer organizador de eventos tem que pesquisar com profundidade tanto o seu produto como seu serviço e o mercado que quer atingir; além de pensar em todos os detalhes do seu evento, para, de alguma maneira, surpreender e não decepcionar o seu cliente.
Na análise de Barlow e Maul (2001), dois clientes – dentro de qualquer tipo de evento – nunca terão a mesma impressão de um serviço porque as experiências deles são um reflexo do seu envolvimento interior. Diante disso, as autoras descrevem que quando dois clientes se sentem positivos, têm maior disposição para tolerar atrasos no início das palestras – por exemplo; entenderão a escassez de produtos (brindes ou folhetos informativos nos estandes) , erros ( de informação ou de conceitos) e muitos outros relacionados com a falta de qualidade de um evento.
Em outra análise, percebe-se que as atividades como: eventos são muitas vezes consumidos pelos valores emocionais ou hedonistas que oferecem.
Segundo a pesquisa de Holbrook e Hirschman (apud Shelth, 2001, p.342): “O consumo hedonista está ligado ao uso de serviços pelo prazer intrínseco; ao prazer sensorial, ou seja, a uso de produtos e serviços que dão prazer por meio de fantasias e que propiciam estímulo emocional.”
Entre os estímulos emocionais estão, por exemplo:
a) Prazer sensorial: cores vibrantes nas roupas, luzes em uma discoteca; decoração (utilizados na ambientação dos eventos ou estandes);
b) Prazer estético;
c) Experiência emocional: assistir a filmes ( showcases) e apresentações bem elaborados;
d) Diversão: participar de eventos, festas; que tenham música e um propósito com o tema principal;
e) Envolvimento: pode ser definido como o grau de importância pessoal de um objeto, produto ou serviço para o cliente. (que estímulos se criam no evento para que o consumidor tenha a noção de pertencimento)
Todos esses estímulos emocionais podem ser identificados nas relações entre os consumidores , as marcas e as empresas, de alguma forma. O cliente ou consumidor satisfeito, é menos sensível ao preço do produto ou serviço, estando disposto a gastar o que for necessário. Busca despender mais tempo em atividades relacionadas a eles (produtos/serviços). Busca mais informações sobre o produto / serviço. Por isso a necessidade de associar, eventos, entretenimento e tecnologia.
Referências Bibliográficas
- BARLOW, Janelle; MAUL, Dianna. Valor Emocional. Criando fortes vínculos emocionais com os clientes. Tradução de Maria Lúcia G. L. Rosa. São Paulo: Makron Books, 2001
- OLIVEIRA, Isaira M.G. de. Hospitalidade em shows de música: Um estudo sobre as relações entre artista e espectador nas casas de espetáculos; Dissertação de Mestrado, Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2006.
- SCHIFFMAN, Leon G. e KANUK, Leslie Lazar. Comportamento do Consumidor. 6ª Edição. Tradução: Vicente Ambrósio.Rio de Janeiro: LTC Editora, 2000
- SHETH, Jagdish N. et al…. Comportamento do cliente: indo além do comportamento do consumidor. Tradução: Lenita M.R. Esteves. São Paulo: Atlas, 2001
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