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Futuro, Encantamento e Gestão no Segmento MICE

Em sua 4ª edição, o Congresso MICE Brasil recebeu importantes nomes para os debates e apresentações

O Congresso MICE Brasil 2019 foi realizado no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, nos dias 05 e 06 de junho. Os congressistas, profissionais do segmento MICE (meetings, incentives, conferences and exhibitions), se reuniram para assistir a palestras e debates de temas relacionados ao mercado, em um evento com 32 horas de programação.

O tema escolhido para esse ano foi “Futuro, encantamento e gestão no segmento MICE”, com temáticas sobre as transformações no mundo MICE, o futuro da criatividade, inteligência artificial, além de cases sobre experiência e tecnologia, os painéis passaram ainda pelo futuro das leis de incentivo, diversidade e inclusão em eventos, cases de encantamento, até a gestão de crises.

Durante os dias de evento, a proposta foi promover discussões tendo como plano de fundo o papel de cada um dos setores atuantes, suas perspectivas e transformações a partir do cenário atual. “Vivemos rodeados de tecnologias e facilidades para acessar informação a partir de qualquer lugar, basta ter acesso a internet, porém é fundamental, para qualquer profissional, manter o contato ao vivo, e essa é a proposta do Congresso MICE Brasil, que promove o compartilhamento do conhecimento. Chegamos à realização do 4º ano do Congresso com um evento consolidado por sua importância para o mercado e a seriedade na curadoria de conteúdo apresentado, o mercado cobra novidades e relevância e, nós entregamos”, destacou Marcello Baranowsky, CEO do Grupo EventoFacil.

O pré-Evento: Encontro da Távola Redonda MICE

Seguindo a tradição de movimentar os principais players do segmento MICE em torno de discussões para melhorias do setor, o Grupo EventoFacil proporcioncionou mais uma atividade inovadora, relacionada ao Congresso MICE Brasil 2019. Depois de realizar sessões de Design Thinking (2016 e 2017) e efetivar uma grande pesquisa setorial (2018), nesse ano o Grupo promoveu o Think Tank MICE Brasil – O futuro do MICE. Dentro do princípio de think tank, o
grupo formado por líderes do segmento MICE, conduzido por Alexis Pagliarini, se reuniu em Campinas/SP, no Centro de Convenções Royal Palm Hall, no dia 25 de maio, para um dia inteiro de reflexões com o objetivo de gerar reflexões sobre o futuro da sua atividade. Realizado de forma totalmente compartilhada, a proposta desses encontros é gerar conclusões concretas, a partir do pensamento colaborativo de todos os participantes.

Participantes do Encontro da Távola Redonda MICE 2019 – Royal Palm Hall, em Campinas/SP

Para fazer parte desse grupo foram convidados profissionais representantes de agências de live marketing e incentivos, promotores de feiras e grandes eventos, gestores de espaços, provedores de tecnologia e fornecedores, além de clientes finais. O time de elite selecionado para esse encontro foi composto por: Aldirlene Freire de Mendonça, da empresa Hartmann Bace Healthcare; Aline Montanher, da Merz; Camila Ienne, da Rockwell Automation do Brasil; Carlos Schwartzmann, da Costa Brava; Charles Kim, da Doosan; Cida Matos, da Cristália; Daniela Pierini Longo, d’O Estado de S. Paulo; Débora Regina Talá, da Roche Diagnóstica Brasil; Elaine Costa, da Smith&Nephew; Elisa Gomes, da Clarion Events; Elisangela Rosa, da Unisys Brasil; Fernando Elimelek, da Playcorp; Hermano Pinto, da Informa Markets; Janaina Oliveira , da Sogesp; Janaina Procópio, do Grupo Eurofarma; João de Nagy, ITC-Paris/WTC São Paulo; José Paulo Hernandes, da New Sense; Juliana Bianchi, do Grupo Royal Palm; Luís Fernando Pascon, da Beato; Luiz Arruda, da Avantgarde Brasil; Marcel Ito, da Shift; Marcello Baranowsky, do Grupo EventoFacil, Marcia Diniz, da VitalFlex; Maria Luiza Sevieri, da Emme Brasil; Maria Olinda Ramos, da Hypera Pharma; Melina Waiteman, da Blau Farmacêutica; Pamela Sereno, do Grupo Royal Palm; Paola Sanches, da Agis; Paulo Octavio Pereira de Almeida, da Reed Exhibitions; Símon Szacher, do Pixel Show; Tatiane Ferreira, da Aqia Química; Valéria Franco de Oliveira, da Attach Live; Vanessa Martins, da Lorenzetti; Vanise Kalil, da Blossow; Wilson Ferreira Junior, da Agência Etna; e Daiana Moura, do Grupo EventoFacil.

O encontro gerou valiosos apontamentos a respeito do futuro da atuação no MICE, que serviram de pano de fundo para o primeiro debate. Alguns dos tópicos abordados durante o encontro foram razão x emoção, valores humanos x tecnologia, big data x privacidade, ensino/educação x conhecimento, engajamento político/ social x patrulhamento, realidade x fantasia, ter x usar, mobilidade humana, energia, saúde monitorada/expectativa de vida aumentada, sustentabilidade, monopólios, entre outros.

Os Insights

“Mais do que tentar imaginar salas de eventos voadoras ou avatares virtuais ou outros tipos de exercícios futuristas, a dinâmica levou os grupos a reflexões mais filosóficas, conceituais e comportamentais. No final, foram selecionados 12 insights”, compartilha o mediador do grupo Alexis Pagliarini, diretor da consultoria ATP, especializada em design thinking e processos de geração de ideias e insights.

Entre os participantes, foi unânime a proposta de que a criatividade é o elemento mais importante para a sobrevivência e relevância do segmento de eventos no futuro – é a  “Eureca”. De nada adianta termos todas as tecnologias à disposição se não houver o diferencial da criatividade humana, o desenvolvimento do humano continua sendo a chave do sucesso. 

Acompanhe a seguir os insights levantados durante o encontro da Ordem da Távola Redonda MICE.

Insight Távola Redonda MICE 2019

Futurando no MICE

O primeiro dia de Congresso começou com um discurso de boas vindas do CEO do Grupo EventoFacil, Marcello Baranowsky.

Beia Carvalho, palestrante futurista e presidente da Five Years From Now, foi convidada para ser a keynote speaker do Congresso MICE 2019. Em sua apresentação, ela inspirou a plateia a viajar para o futuro com o tema “Futurar para Faturar”, abordando cenários que já estamos vivendo atualmente e apontando como devemos agir para acompanhar essa nova era que está chegando.

Beia Carvalho no Congresso MICE Brasil 2019

“Estamos vivendo em uma nova Era operada por símbolos. Uma Era em que usamos a imaginação, uma era colaborativa. Mas ela não é colaborativa porque é uma Era boazinha, mas porque vivemos uma Era de problemas complexos que precisam de colaboração para serem resolvidos.”, ressaltou Beia.

Em sua apresentação, a futurista também pontuou o maior desafio do século 21. “Nosso maior desafio é inovar e engajar. Para resolver quaisquer problemas corriqueiros teremos as máquinas, para resolver as questões não-óbvias precisaremos ter a criatividade ativa”. O profissional do futuro precisa aprender novas habilidades, usar a criatividade, para acompanhar as novas gerações e, mais ainda, sobreviver.

Alexis Pagliarini no Congresso MICE Brasil 2019
Alexis Pagliarini apresenta os insights do Encontro da Távola Redonda MICE 2019

Alexis Pagliarini, diretor da consultoria ATP, foi o segundo a subir ao palco, apresentando os insights levantados durante o 3º Encontro da Távola Redonda MICE (apontados em destaque
na página ao lado). “O Futuro do MICE é de criação, trazer soluções baseadas em criatividade”, explicou Pagliarini.

Grandes nomes, importantes insights

O diretor da ATP atuou como mediador do primeiro painel do MICE Brasil desse ano. Como o tema “E o futuro do MICE?” o painel contou com a participação de Silvana Torres, presidente da Mark Up, Carlos Raices, diretor de projetos e eventos do Grupo de Publicações Globo e Wilson Ferreira Jr., presidente da AMPRO e CEO na Agência Etna.

Os painelistas foram convidados a comentar alguns pontos dos insights apresentados por Alexis Pagliarini no painel anterior. Wilson Ferreira Jr iniciou seus comentários falando sobre o equilíbrio, um tema cada vez mais abordado atualmente devido a carga de funções e excessos vividos no dia a dia. “É aconselhável que cada vez mais as pessoas se voltem ao seu aspecto humano e interior. Há a necessidade das pessoas se equilibrarem em todos os aspectos, para conseguirem sair para batalha do dia a dia”.

A tecnologia não pode ser deixada de lado, porém ela deve ser encarada como um meio somente, é preciso ter uma pessoa capaz de saber as funções para colocar a tecnologia em funcionamento.

Outro ponto investido por Wilson foi a necessidade urgente de termos a diversidade no mercado, com mulheres com cargos de liderança e diversidade racial, por exemplo. 

O tema networking ficou com Carlos Raíces. “O conteúdo nos eventos continua sendo muito importante, mas o networking é cada vez mais cobrado. Um novo formato de networking, aquele que nasce a partir da colaboração na construção de um evento. As pessoas estão cada vez mais interessadas em trabalhar nisso”. Se o organizador chama seu público para ajudar a construir um evento ele vem com total interesse em fazer parte da construção daquele projeto. Raíces entende o evento como uma ferramenta de educação.

“Vemos que as empresas estão mandando seus colaboradores mais jovens para participar dos eventos, isso mostra a preocupação das empresas em educar seus colaboradores”. O retorno às práticas do passado também foi abordado por Raíces, quando pensamos que há uma maior participação do evento com a sociedade local como fazíamos no passado. O local da realização do evento passa a ser uma preocupação dos participantes, pensando em qual será o legado deixado por esse evento após a sua realização.

Painel “O Futuro do MICE”

Silvana Torres confessou que se sente privilegiada por estar vivendo na época atual. Segundo ela, vivemos a “revolução do conhecimento”. Esse momento está levando a todos para um novo mundo, no qual a tecnologia é uma ferramenta necessária, mas que nunca substituirá o ser humano. “A tecnologia só veio para valorizar o ser humano,  para tocar a alma do ser humano, para resgatar valores do ser humano. Ela pode fazer muitas coisas por nós, pode nos livrar de diversos trabalhos, mas tem uma coisa que a tecnologia não vai conseguir substituir jamais: o insight, o sentimento, a criatividade, o efeito whow”.

Encerrando sua participação, a CEO da Mark Up disse que quando colocamos paixão em todos os momentos de nosso trabalho, o retorno vem naturalmente. “É através de tocar a alma, de verdadeiramente querer se interessar pelo outro, de querer resolver o problema do outro, é o que faz com que todos os nossos insights sejam bem sucedidos”, compartilhou Torres.

Basta de Assédio Moral Corporativo

Em um tom de uma conversa reflexiva, Maurício Magalhães, sócio empreendedor na Mundo Real e VP da Ampro, trouxe para o evento, um tema de extrema importância para o mercado: o assédio que existe nas relações entre empresas. Trata-se de uma situação bastante cotidiana, porém perigosa e que pode gerar diversos efeitos colaterais. Diversos são os exemplos desse comportamento cotidiano.

Maurício Magalhães fala sobre Assédio Moral Corporativo

“É justa a concorrência entre dez pessoas e você assinar um termo dizendo que a propriedade intelectual daquele projeto é propriedade do cliente?”, questionou Magalhães a plateia. Mas a pergunta que ficou para todos os presentes foi “Por que nos submetemos a isso?”. Magalhães convidou a todos a refletirem, aconselhando às agências que busquem o apoio das associações que os representam e, mais ainda, que cada líder possa fazer uma escolha individual e exigir seus direitos nas relações comerciais.

Tecnologia: A Inteligência Artificial vai Substituir a Imaginação?

Vinicius Soares, um especialista em inteligência artificial para negócios e fundador do AiNews e da Mais a.i., veio para compartilhar seu conhecimento com os participantes do congresso. “A evolução tecnológica tem o propósito de facilitar nossas vidas, mais do que atrapalhar nossos trabalhos. Apesar dos pesares que possam (e irão) acontecer no meio do caminho”, disse Soares.

As aplicações de Inteligência Artificial se multiplicam nos mais diferentes segmentos. Mas quando falamos sobre imaginação e criatividade, as opiniões se dividem. Uma discussão intensa nesse tema, segundo Soares, é a capacidade da IA de ser criativa, de desenvolver conteúdo próprio, de criar. Apresentando alguns cases de autoria de Inteligência Artificial como criação de personagens, composições de músicas, pinturas de quadros, direção de automóvel, criação de trailer de filmes, Vinícius Soares questionou a opinião daqueles que dizem que IAs não são capazes de criar. Se formos buscar no dicionário a definição da palavra criatividade – teremos a seguinte resposta: capacidade de criar, produzir ou inventar coisas novas.

Vinicius Soares, especialista em inteligência artificial

“Muitas vezes o que parece criativo para nós, foi só a repetição de um padrão adaptado para uma nova realidade”, argumenta Soares.

Mas então o que é o novo? Não existe o novo? “O novo, muitas vezes, é somente uma combinação inédita de várias coisas que já existem”, disse. Segundo Vinícius, quando a IA faz a combinação de aproveitar os erros e as tentativas, detecta as emoções, gera emoções e a utiliza-se da aleatoriedade, é possível a criação de uma máquina capaz de manipular o ser humano. Esse risco existe, porém, ao aplicar a IA no seu cotidiano o ser humano se tornou mais inteligente. “Usando inteligência artificial nós vamos repensar o que chamamos de criatividade hoje! Serão criados novos padrões e novas barreiras.”, completa Vinícius.

Leis de Incentivo no palco: explanação e debate

Felipe da Veiga, sócio-fundador da Incentivarte Consultoria, fez uma breve explanação sobre as Leis de Incentivo à Cultura. Principal ferramenta de fomento à Cultura do Brasil, a Lei de Incentivo à Cultura contribui para que milhares de projetos culturais aconteçam, todos os anos, em todas as regiões do país. Por meio dela é possível patrocinar diversos eventos.

As figuras envolvidas na Lei de Incentivo à Cultura são o proponente (idealizador do projeto e responsável pela prestação de contas), o governo (responsável por dizer se o projeto atende as exigências da lei) e o patrocinador (responsável por escolher qual projeto deve receber os recursos).

Exemplificando com alguns cases da música popular brasileira, Felipe da Veiga, disse que a aprovação de um projeto não quer dizer que ele recebeu o recurso, é necessário que um patrocinador tenha interesse por aquele projeto para que o valor seja recebido.

“As pessoas destorcem as coisas. O governo não repassa dinheiro para ninguém, o governo diz se o projeto atende à lei ou não”, pontuou.

Para debater esse tema, Felipe da Veiga moderou um debate com a participação de Fernando  Elimelek, CEO da Playcorp, Símon Szacher, diretor geral do Festival Pixel Show, Luiz Serafim,
head de marketing da 3M.

Foto: Divulgação – Felipe da Veiga, Símon Szacher, Luiz Serafim e Fernando Elimelek


da esquerda para direita)

“Entendo a importância da Lei de Incentivo. Todos os projetos que captamos os clientes questionam sobre a possibilidade do projeto ser incentivado. Os eventos públicos vivem de Leis de Incentivos. Acredito que as mudanças nas Leis não foram tão impactantes para que houvesse alterações em nosso plano comercial de venda de projetos”, compartilhou Elimelek.

Símon Szacher disse que a cada reunião com seus clientes é difícil que eles tenham a iniciativa de disponibilizar uma verba para investir em um projeto. Ele disse que o cliente sempre pergunta

se o projeto se enquadra em alguma lei de incentivo. “Existem outras Leis de Incentivo, a estadual que é o ProAC aqui em São Paulo, e a municipal que é o Pro-Mac, todos os estados têm as suas leis”, explicou Szacher. O diretor do Pixel Show acredita que o uso de verba incentivada é um vício por parte das empresas.

“As Leis de Incentivo são extremamente importantes para o fomento da cultura, da indústria com todo seu impacto econômico e social. A empresa criou uma diretriz para dizer o que apoiamos, e não de uma forma oportunista”, disse Luiz Serafim.
Para exemplificar, Serafim contou que o primeiro projeto apoiado pela 3M foi a republicação da autobiografia do Santos Dumont, um ícone da inovação, da criatividade, do empreendedorismo.
“As verbas de projetos incentivados não substituem as verbas de marketing”, concluiu Serafim.

De acordo com o executivo da 3M, as verbas de marketing são destinadas a construção de uma marca. O corte dessa verba se dá, muitas vezes, por questões econômicas e estratégicas de cada
empresa, e não por conta do aporte de um projeto via Lei de Incentivo.

Para encerrar o debate, Felipe da Veiga provocou os convidados questionando sobre a extinção de alguns impostos, no caso da aprovação através da reforma tributária, o que colocaria em risco as Leis de Incentivos. “O proponente terá mais dinheiro, o patrocinador terá mais verba de marketing ou o mercado cultural vai quebrar?”.

“Não consigo ver um futuro, pelo menos não tão próximo, no qual o estado aceite somente a existência da Lei de Incentivo Federal, e que não existirá a Lei de Incentivo Estadual. Sou a
favor do imposto único para facilitar a vida de todos, porém se a Lei do ProAC for extinta, isso vai possivelmente causar um buraco no mercado cultural”, relatou Símon Szacher.

Luiz Serafim acredita que caso aconteça essa alteração nas tributações, as empresas não terão ainda mais verba de marketing disponível para projetos culturais. “O desenvolvimento da cultura não é a prerrogativa principal das empresas, será necessário criar um outro meio”, pontuou.

Desafios da Diversidade no palco do Congresso MICE

O Congresso MICE Brasil 2019 abriu suas portas para o 2º Encontro R.I.T.O.S. (Representatividade e Inclusão na Transformação Organizacional e Social) o tema para esse encontro foi “A inclusão e a diversidade no mercado de eventos”.

Felipe Oliveira, consultor da ID_BR – Instituto Identidade do Brasil foi o convidado para abrir o tema em uma explanação sobre os desafios da diversidade racial. Felipe apresentou números reais do mercado de eventos e do mercado publicitário, mostrando que ainda estamos longes da diversidade.

“No Brasil, onde 54% das pessoas são autodeclaradas negras, a questão da diversidade racial não é incentivada”, disse Felipe Oliveira.

Para debater esse tema, Felipe Oliveira moderou um painel que contou com a participação de Alinne Rosa, VP de RH da Reed Exhibitions, Silvana Saraiva, presidente da Ecowas Chamber of Commerce Brazil, do Instituto Internacional FEAFRO e da FEAFRO International Business Fair, e Flavio Andrade, diretor da All In One.

Debate “Diversidade e Inclusão no mercado de eventos, estamos preparados?”

Silvana Saraiva falou sobre as dificuldades de contratação de fornecedores negros preparados para atender as suas demandas. “Sinto que ainda falta um pouco de preparo não só profissional, mas também técnico de fornecedores dentro da cadeia de feiras e eventos”. A executiva mencionou também a questão de não termos os números dos profissionais negros representados  dentro das associações, por exemplo.

“Esses profissionais não estão inseridos dentro dessas instituições. Deve haver fomento e divulgação para que haja a inserção desse grupo fornecedor dentro das entidades para termos acesso”. O preparo técnico como impeditivo é um fator não somente da cadeia de eventos, mas também no departamento de recursos humanos, quando falamos do início do processo, do recrutamento e seleção dos candidatos.

“Existe um grande desafio que começa na educação no Brasil.”, disse Alinne Rosa. Além disso, Rosa apontou as organizações também como responsáveis em abrir o caminho do mercado, dar suporte à educação mais qualificada.

Em comparação com outros países, o Brasil ainda está distante da diversidade. Flavio Andrade compartilhou com os participantes a sua experiência profissional de ter atuado nos EUA, onde conheceu uma realidade bastante diferente quando se trata de diversidade. “Lá, cada empresa multinacional, tem um departamento de diversidade, que foca em treinar e preparar tecnicamente as pessoas para que elas possam fazer a diferença”.

O pré-julgamento é vivenciado diariamente por muitas pessoas, o racismo não permite que a pessoa seja alcançada para uma posição de emprego ou mesmo para que possa ser um potencial parceiro de negócios. “Eu, como mulher de negócios, que chego à frente de reuniões
com homens e, geralmente, de uma maioria branca. Tenho que chegar me impondo, para ser ouvida e ser acreditada”, disse Saraiva.

A diversidade ainda é um tabu mesmo dentro das empresas. “Temos medo de abordar essas conversas de diversidade, devemos ter comitês de discussão”, defendeu Rosa.

Encantamento no MICE

A fuga do lugar comum é muito mais complicada do que manter o padrão. Alguns podem considerar um caminho desnecessário, mas após a apresentação da sócia-fundadora da Umbigo do Mundo, Marina Pechlivanis, possivelmente as opiniões mudaram.

Em sua apresentação “Gestão de encantamento: dicas mágicas para surpreender no universo MICE”, Marina deu uma verdadeira aula de gestão de encantamento, quando os participantes descobriram que o segredo do sucesso pode não estar na tecnologia mais avançada, mas sim no relacionamento e nos pequenos (ou grandes) detalhes.

Pechlivanis não foi a única a chamar a atenção dos congressistas. A programação do segundo dia do Congresso trouxe ainda a apresentação de três cases que encantam: Casa TPM, Senna
Day e Cambia Festival.

Os trabalhos de sucesso foram apresentados por Regina Trama, gerente de projetos especiais e eventos na Trip; Paola Santilli, gerente executiva de branding Ayrton Senna e Senninha no Instituto Ayrton Senna, Claudio Miranda, multi-instrumentista, fundador do Instituto Favela da Paz e Monica Noda, co-criadora do Cambia Festival, respectivamente.

No debate Cases que encantam cada um compartilhou suas experiências

“Aqui, temos ângulos distintos para se abordar a questão do encanto: o modelo corporativo, o modelo social, o modelo patrocinado e apoiado, o modelo em que o patrocínio é a vontade de cada indivíduo. O que encanta individualmente cada um de vocês com os projetos que vocês nos apresentaram?”, perguntou Marina aos convidados.

Paola Santilli disse que o seu encantamento vem do fato de conseguir trabalhar a emoção dos participantes de todos os eventos através da pessoa que foi Ayrton Senna. “A mescla de trabalhar uma marca, mas que tem uma causa social por trás e conseguir, depois de 25 anos, manter a emoção dentro das pessoas é o grande desafio”, contou Santilli.

“O que mais encanta na Casa TPM é a conexão com a audiência que está ávida por uma experiência única. É essa conexão ao vivo que faz com que o evento seja inesquecível”, compartilhou Regina Trama.

“No Cambia Festival o que me encanta é a procura das pessoas por co-criar algo novo, de estar junto na busca por trocar e experimentar algo diferente. A disposição das pessoas de quererem participar e colaborar”, ressaltou Monica Noda.

Claudio Miranda confessou que o encantamento para ele vem das pessoas. “Estar com pessoas para mim é algo muito importante. Criar um espaço em um evento onde as pessoas possam buscar sua própria essência, onde possam mudar de dentro para fora, isso é muito importante”.

A questão da sustentabilidade também foi abordada nesse debate. Os painelistas compartilharam algumas experiências de seus eventos. Entretanto, foi consenso entre todos que muita ainda pode ser feito no sentido de reaproveitar, reutilizar, a fim de promover ações realmente sustentáveis. “Ainda estamos engatinhando. A palavra sustentabilidade precisa ser entendida melhor”, disse Paola Santilli.

Case Fyre Festival

Mudando um pouco o tom do discurso, o segundo bloco de apresentações foi iniciado por Marcelo Politi, CEO do Grupo Tudo Sobre Eventos e marketeiro digital. Ele foi o responsável por apresentar alguns insights do case “Fyre Festival”, o evento milionário no paraíso que acabou virando um inferno.

Marcelo Politi trouxe o Case Fyre Festival para o Palco do Congresso MICE Brasil 2019

O festival é considerado um grande fiasco, um case de como não-fazer! “A estratégia de divulgação do festival foi sensacional. Quando falamos em marketing de uma maneira geral, temos a ‘promessa’ para vender algo, e depois tem a entrega”, apontou Politi.

O problema desse festival foi não fazer o planejamento para ter a entrega como haviam prometido a todos que compraram a ideia. O case “Fyre Festival” virou documentário e está disponível no Netflix.

Como liderar em momentos de crise

Explorar formatos, lugares e experiências fora dos roteiros convencionais é mais difícil do que parece e foi exatamente isso o que levou ao Ernesto Abud, um estrategista, a fazer, em 2015, a primeira FuckUp Night no Brasil – Uma noite de fracassos e cerveja.

No Congresso MICE Brasil, Ernesto falou sobre a nossa ignorância e inaptidão para controlar momentos de crise. “Gostamos de estar no controle. Vivemos em nosso planejamento, como se tudo estivesse estruturado no previsível. Porém estamos totalmente despreparados para os momentos de crise”, ressaltou Abud.

Ernesto Abud

Para Abud, a razão principal dos fracassos, problemas e conflitos vividos, é que nós silenciamos, escondemos e fugimos do que tem que ser falado. Fazendo referência ao painel anterior, do Fyre Festival, “O mais importante do fracasso desse festival é um erro muito comum nas empresas: as prioridades da liderança não têm nada a ver com as prioridades da companhia. Existe uma total desconexão disso no meio corporativo”, contou o estrategista.

Imprevistos no MICE

Marcelo Politi retornou ao palco para moderar o painel “Nocauteando crises: Como lidar com imprevistos no MICE”.

Para participar desse painel foram convidados Gisele Cruz, gerente de marketing da FTD Educação, Bernardo Dinardi, sócio-fundador na The HUBi e TM1 Live Mkt, Luiz Bellini, diretor de Eventos da Reed Exhibitions e criador do New Mobility, e Fábio Almeida, Coordenador de Marketing da Brasil Game Show.

Nesse debate ouvimos o plano de ação desses importantes profissionais. Eles compartilharam suas experiências em grandes eventos e como contornaram situações que saíram do controle. Quando a equipe não está preparada para lidar com grandes crises o evento todo pode ser prejudicado. “O treinamento de campo e controle de liderança de todo o time são importantes para correr menos riscos em eventos”, disse Bernardo Dinardi.

A preocupação com o encantamento promovido pelo resultado não pode deixar de lado a preocupação com o gerenciamento de possíveis crises. “A nossa história ensinou que nesses dez anos de trabalho, se não tivéssemos sempre um plano bem determinado pré-evento, teríamos tido soluções não confortáveis na entrega dos eventos”, completou Dinardi.

“A falta de transparência pode gerar o caos em um evento. Todos os envolvidos, que são o cliente, a agência e os fornecedores, fazem parte de uma mesma equipe. Esses envolvidos devem trabalhar juntos para evitar crises maiores”, opinou Gisele Cruz. A comunicação clara, mesmo que seja de um problema, deve chegar a todos os envolvidos para juntos trabalharem em busca de uma solução.

“Bombeiro apaga incêndio, o mágico faz coisas inacreditáveis, o santo faz milagre. Nós, profissionais de eventos, fazemos tudo isso!”, disse Fábio Almeida.

Manter uma parceria com o local onde o evento será realizado para conhecer cada detalhe e prever alguma situação, é a estratégia utilizada pelo coordenador de marketing da Brasil Game Show e sua equipe. Luiz Bellini contou sua experiência à frente do Salão do Automóvel. “O que pode dar errado, principalmente no nosso caso, é a falta de planejamento”, contou.

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