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Sebrae comprova que maiores perdas estão nos setores de eventos e turismo

Foto: Arek Socha / Pixabay
Levantamento do Sebrae revela que 90% das empresas de micro e pequeno porte registram queda na receita

Publicado em 19/05/2020

Economia criativa (eventos, produção, cultura) e turismo estão entre os setores com maiores perdas devido à crise, é o que diz a pesquisa realizada pelo Sebrae em parceira com a Fundação Getúlio Vargas.

Entre 30 de abril e 5 de maio, foram ouvidos 10.384 microempreendedores individuais (MEI) e donos de micro e pequenas empresas de todo o país, com o propósito de mapear o cenário econômico para essa parcela da economia.

A pesquisa avaliou a perda média de faturamento semanal dos microempreendedores individuais, micro e pequenas empresas, de acordo com o segmento de atuação. Embora todos os setores tenham registrado perdas, elas foram mais sensíveis na atividade da Economia Criativa (eventos, produções etc) (-77%), Turismo (-75%) e Academias de Ginástica (-72%). 

Já os segmentos com menor perda de faturamento, de acordo com o estudo, foram Pet Shops e Serviços Veterinárias (-35%), Agronegócio (-43%) e Oficinas e Peças Automotivas (-48%).

De acordo com o levantamento, cresceu em 8 pontos percentuais a proporção de empresários que buscou crédito entre 7 de abril e 5 de maio.

Entretanto, o mesmo estudo mostra que 86% dos empreendedores que buscaram tiveram o empréstimo negado ou ainda têm seus pedidos em análise. Desde o início das medidas de isolamento no Brasil, apenas 14% daqueles que solicitaram crédito tiveram sucesso.

A ampliação dos impactos econômicos da crise provocada pelo novo coronavírus tem levado um número maior de donos de pequenas empresas a buscar empréstimo para manter o negócio.

Metodologia da pesquisa e opinião

Essa é a 3ªedição de uma série iniciada pelo Sebrae no mês de março, pouco depois do anúncio dos primeiros casos da doença no país. O levantamento do Sebrae confirma uma tendência já identificada em outras pesquisas do Sebrae, de que os donos de pequenos negócios têm – historicamente – uma cultura de evitar a busca de empréstimo.

Mesmo com a queda acentuada no faturamento, 62% não buscaram crédito desde o começo da crise. Dos que buscaram, 88% o fizeram em instituições bancárias. Já entre os que procuraram em fontes alternativas, parentes e amigos (43%) são a fonte de empréstimos mais citada, seguidos de instituições de microcrédito (23%) e negociação de dívidas com fornecedores (16%).

Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, esse comportamento pode ter diversas razões, entre elas: as elevadas taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras, o excesso de burocracia ou a falta de garantias por parte das pequenas empresas.

“Por essa razão, o Sebrae está trabalhando para ampliar o volume de instituições parceiras para a operação do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe). Já contamos com 12 organizações, entre bancos públicos e privados, cooperativas de crédito e agências de fomento. Queremos estender esse apoio a um número maior de empresários”, comenta Melles.

Segundo o presidente do Sebrae, em apenas pouco mais de 10 dias de operação do convênio firmado com a Caixa para a concessão de crédito assistido, com recursos do Fampe, foram realizadas 3.104 operações e concedidos R$ 267,9 milhões em crédito para pequenos negócios.

Agentes financeiros

Analisando particularmente a procura de crédito junto aos agentes financeiros, a 3ª Pesquisa do Impacto do Coronavírus nos Pequenos Negócios mostrou que os mais demandados, desde o início da crise, foram os bancos públicos (63%), seguidos dos bancos privados (57%) e cooperativas de crédito (10%).

Entretanto, avaliando a taxa de sucesso desses pedidos, o estudo do Sebrae mostrou que as cooperativas de crédito lideram na concessão de empréstimos (31%) e, na sequência, aparecem os bancos privados (12%) e os bancos públicos (9%).

Comportamento dos pequenos negócios

A pesquisa revelou que as medidas de isolamento recomendadas pelas autoridades de saúde atingiram a quase totalidade dos pequenos negócios. 44% interromperam a operação do negócio, pois dependem do funcionamento presencial. Outros 32% mantêm funcionamento com auxílio de ferramentas digitais e 12% mantêm funcionamento, apesar de não contar com estrutura de tecnologia digital. Apenas 11% conseguiram manter a operação sem alterações, por outras razões, entre segmentos listados como serviços essenciais.

O faturamento das pequenas empresas

Com relação ao faturamento do negócio, a maioria dos donos de pequenas empresas (89%) apontou uma queda na receita mensal. 4% não perceberam alteração de faturamento, apenas 2% conseguiram registrar aumento de receita no período e 5% não quiseram responder.

Na média, o faturamento dos pequenos negócios foi 60% menor do que no período pré-crise. Apesar de preocupante, esse resultado é melhor do que o identificado nas duas pesquisas anteriores. Em março, a queda havia sido de 64%. No 2º levantamento, no início de abril, a perda média de receita havia sido ainda maior (69%).

Para tentar superar esse momento, as empresas estão lançando mão de diferentes recursos. Para 29% delas, a alternativa foi passar a realizar vendas online, com o uso das redes sociais. 12% disseram ter começado a gerenciar as contas da empresa por meio de aplicativos e 8% passaram a realizar vendas online por aplicativos de entrega.

Quanto à gestão dos recursos humanos das empresas, 12% dos entrevistados revelaram que tiveram de demitir funcionários nos últimos 30 dias, em razão da crise. 29% das empresas com empregados suspenderam o contrato de funcionários; outros 23% deram férias coletivas; 18% reduziram a jornada de trabalho com redução de salários; e 8% reduziram salários com complemento do seguro-desemprego; alternativa permitida pela MP 936.

  • Confira o INFOGRÁFICO da pesquisa neste link

NÚMEROS DA PESQUISA

Cresceu a proporção de empreendedores que buscaram empréstimo:

  • Na segunda edição da pesquisa (3 a 7 de abril)
    – 30% dos empresários haviam solicitado crédito desde o início da crise
  • Na terceira edição da pesquisa (30 de abril a 5 de maio)
    – 38% dos empresários solicitaram crédito

Entre os que procuraram crédito (3ª pesquisa):

  • 58% Não conseguiram
  • 28% Estão aguardando
  • 14% Conseguiram

Você precisará de empréstimos para manter seu negócio em funcionamento sem demissões?

  • 1ª Pesquisa 54%
  • 2ª Pesquisa 55%
  • 3ª Pesquisa 59%

Agentes financeiros mais demandados

  • Bancos públicos – 63%
  • Bancos privados – 57%
  • Cooperativas de Crédito – 10%

Taxa de sucesso

  • Cooperativas de Crédito – 31%
  • Bancos Privados – 12%
  • Bancos Públicos – 9%

Sua empresa consegue funcionar com a restrição de circulação de pessoas?

  • 44% interromperam operação, pois depende de funcionamento presencial
  • 32% mantêm funcionamento, com auxílio de ferramentas digitais
  • 12% mantêm funcionamento, mas sem estrutura de tecnologias digitais
  • 11% mantêm funcionamento por outras razões (entre serviços essenciais, por exemplo)

Como seu negócio está sendo afetado pelo coronavírus, em termos de faturamento mensal?

  • 2% aumentaram
  • 89% diminuíram
  • 4% Permaneceram igual
  • 5% Não sabem ou não responderam

Queda média de faturamento nas três pesquisas do Sebrae

  • 1ª Pesquisa (março) – a queda de 64%
  • 2ª Pesquisa (3 a 7 de abril) – a queda foi de 69%
  • 3ª Pesquisa (30 de abril a 5 de maio) – a queda foi de 60%

Medidas que a empresa decidiu iniciar por causa da crise

  • Começou a realizar vendas online com uso de redes sociais – 29%
  • Iniciou o gerenciamento das contas da empresa pelo aplicativo do Banco – 12%
  • Promoveu vendas on-line por telefone e aplicativos móveis – 7%

Nos últimos 30 dias você teve de demitir funcionários de carteira assinada por causa da crise?

  • 12% – Sim
  • 35% – Não
  • 52% – Não têm funcionários

Com relação aos funcionários, você tomou alguma das medidas abaixo?

  • Redução do salário com complemento do seguro desemprego – 8%
  • Redução da jornada de trabalho com redução de salários – 18%
  • Férias coletivas – 23%
  • Suspensão de contrato de trabalho – 29%

Segmentos com maiores perdas de faturamento

Turismo

  • Março (-88%)
  • Abril (-87%)
  • Maio (-75%)

Economia Criativa (eventos, produção, arte, cultura,etc)

  • Março (-86%)
  • Abril (-80%)
  • Maio (-77%)

Academias

  • Março (-68%)
  • Abril (-87%)
  • Maio (-72%)

Segmentos com menor perda de faturamento

Pet Shops e Serviços Veterinários

  • Março (-55%)
  • Abril (-51%)
  • Maio (-35%)

Agronegócio

  • Março (-44%)
  • Abril (-50%)
  • Maio (-43%)

Oficinas e Peças Automotivas

  • Março (-55%)
  • Abril (-69%)
  • Maio (-48%)

Fonte: Sebrae

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