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Turismo de experiência

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Foto: Jan Traid / Unsplash
Tendência do mercado oferece atrativos para segmento MICE

O turismo, por si, já é considerado uma experiência. Mas, neste caso, a experiência fica por conta do modo como um roteiro da viagem é pensado e apresentado. Hoje em dia, é possível conhecer o local sem sair de casa e, utilizando ferramentas como Google Street View, você vai à Nova York, ao Monte Andino, às Pirâmides do Egito e muitos outros lugares imagináveis. Muitas vezes, a escolha do destino é considerada de acordo com as avaliações de outros que ali estiveram. Assim, é preciso se diferenciar para que aquele momento seja uma verdadeira experiência, diferente do que vimos na tela do computador. É nesse momento que entra o turismo de experiência, uma opção para vivenciar algo que vai além do convencional – entre destinos e roteiros de pontos turísticos.

O fato de criar experiências que aproximem o visitante da cultura local vem crescendo com o passar dos anos, especialmente no segmento de turismo de aventura e natureza, que são feitos em regiões propícias para uma aproximação com a realidade local. “No entanto, as vivências locais estão cada vez mais presentes em diversos destinos, onde é possível realizar atividades que proporcionam mais interação, seja produzindo uma peça de barro, colhendo uvas em uma vinícola ou produzindo peças de artesanato com índios”, diz Guilherme Eduardo dos Santos, diretor da Apino Turismo, empresa de turismo que conta com uma equipe multidisciplinar, especializada em desenhar viagens de lazer ou negócios.

Com o objetivo de proporcionar recordações únicas, a modalidade é direcionada especialmente para o viajante experiente, que já conhece muitos destinos e procura por algo diferente. De acordo com dados divulgados pelo Ministério do Turismo, o público que procura esse tipo de experiência tem idade entre 35 e 50 anos, pertencentes às classes A ou B. O estudo de caso realizado pelo órgão foi desenvolvido para identificar o comportamento dos turistas em viagens do tipo, com levantamento aprofundado sobre suas impressões a respeito dos destinos, bem como suas motivações e expectativas.

“O turismo de experiência acompanha a tendência mundial da inclusão do consumidor na feitura do serviço que ele consome, garantindo o protagonismo e a interação. Para viajantes mais experientes e exigentes, a experiência é fator obrigatório, porém, para países nos quais os viajantes ainda são iniciantes e o setor representa parcela menor na economia, o tradicional ainda é válido – conforme o tempo passa, o desejo pela experiência surge”, afirma Bruno César Rodrigues Manhães, docente do Senac São Paulo.

É essencial ser criativo para desenvolver experiências inesquecíveis e ricas em conhecimento, atendendo essa demanda crescente do mercado. É preciso ativar as emoções do cliente para, assim, gerar uma relação douradura com a empresa. Viagens de incentivo de colaboradores, por exemplo, consideram a experiência como ponto importante para despertar os sentidos, sentimentos, pensamentos e ações.

Durante o desenvolvimento do turismo de experiência, algumas preocupações são levadas em consideração, mas o diretor da Apino Turismo destaca a principal. “Que todos os envolvidos ganhem. Que a experiência contribua para o local como fonte de renda, e para o cliente como aprendizado”, afirma Santos.

Turismo de experiência no Brasil

No Brasil, esse tipo de produto é bem aceito, especialmente pelo público estrangeiro, que procura conhecer outras experiências dentro de um país tão diverso e rico culturalmente como o nosso. A importância desse nicho no mercado foi identificada há alguns anos, e conta com ações pelo desenvolvimento.

Em 1999, o Ministério do Turismo propôs uma parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e o Instituto Marca Brasil para o desenvolvimento do Projeto Economia da Experiência. O plano foi criado sob a meta de aplicar o conceito da economia da experiência em conjunto com diversos empreendimentos turísticos de micro e pequeno portes, a fim de auxilia-los sobre questões de inovação e potencial emotivo das vivências oferecidas aos turistas.

Já em 2006, o Ministério do Turismo, em parceria com o Sebrae, criou o Tour da Experiência. O projeto nasceu com o objetivo de desenvolver os destinos alinhados com conceitos da economia da experiência – ou seja, da promoção e venda de experiências únicas, capaz de criar emoções memoráveis para os consumidores.

“É óbvio que cada país, região, comunidade, tem suas especificidades. Se analisarmos o tema do turismo de massa, de grande escala, então não há grandes diferenças, pois as grandes companhias turísticas ultrapassam fronteiras com suas propostas e pacotes. Se analisarmos novas configurações de turismo em comunidades específicas, então veremos muitas diferenças. Me refiro às práticas de turismo que estão sendo desenvolvidas em comunidades menores, de caiçaras, ribeirinhos, indígenas, de desenvolvimento local, em pequenas cidades dos interiores, entre outras”, diz Alexandre Panosso Netto, professor livre-docente e coordenador do Mestrado em Turismo da EACH-USP, autor do livro Turismo de Experiência, em conjunto com Cecilia Gaeta, professora doutora em educação no Senac São Paulo.

O Brasil conta com alguns destinos principais e bem conhecidos desse segmento, como a Costa do Descobrimento, Belém, Serra Carioca, Bonito e Região da Uva e do Vinho. E as perspectivas para o futuro são positivas. “Existe uma previsão para o Brasil, pelo menos para este ano, de um crescimento de 2,5 a 3% e, até 2022, pelo menos uns 10%. Porque o brasileiro, hoje, já tem experiência de viagem e demanda de viagens feitas para ele”, conta Manhães.

Entenda o que o cliente quer

É importante entender quais são os desejos dos clientes para criar uma experiência positiva. Esse é um assunto amplamente discutido no mercado de viagens e turismo, pois a experiência vai depender de quem é o viajante. “Se ele é exigente, se tem experiências em viagens e consegue comparar viagens que oferecem uma melhor ou pior experiência. Cada viajante terá uma experiência diferente do outro, mesmo que esteja consumindo o mesmo produto do sistema turístico. A experiência, por ser fator também subjetivo, nos impõe esta categorização. Obviamente que a qualidade do produto turístico é um dos pontos chaves do tema. E me refiro ao produto turístico em sentido lato”, explica Panosso.

O docente destaca três tendências para o mercado, incluindo a busca por experiências autênticas, diferentes do que foi vivido até então, a fuga do cotidiano massacrante da vida diária e a tentativa de encontrar realização com atividades e experiências fora de casa.

Defina um plano de implementação

Após o estudo sobre seu público, o próximo passo é desenvolver um plano de implementação. Para que o turismo de experiência realmente aconteça, deve-se levar em consideração alguns elementos, como comunicação, lugares e pessoas, utilizados em conjunto para potencializar o envolvimento dos participantes com o destino.

Um dos primeiros passos é o desenvolvimento de uma comunicação interna e externa eficiente, que consiga despertar o interesse do turista sobre os atrativos culturais. Ligado diretamente a esse item, podemos citar a identidade visual, que permite a identificação de marcas e utilitários, capazes de gerar identificação.

Nessa etapa, é essencial utilizar a tecnologia como aliada. Através de ferramentas, podemos oferecer interatividade com conteúdos, onde o turista consegue ter um contato mais próximo sobre o ambiente que irá visitar.
Porém, nada será tão vital quanto as pessoas. Esse é um elemento chave do turismo de experiência, pois as pessoas são responsáveis por proporcionar interação, acolhimento e compartilhar suas histórias e vivências dentro da cultura local. Para isso, é importante que elas sejam bem treinadas e alinhadas com cada conceito de experiência que é ofertado ao turista.

Uma forma eficiente de integrar esses e outros elementos é organizar um evento. Através de uma festa ou reunião, é possível incorporar componentes que ofereçam aos presentes um gostinho sobre a experiência que podem vivenciar no destino. Na prática, pode-se oferecer a gastronomia local, artesanatos, decoração, ou até vestimentas típicas.

A principal dica para o setor é fazer com que o turista se envolva com a experiência, engajando e emocionado cada pessoa com algo que ela nunca irá se esquecer.

Dados do turismo tradicional versus de experiência
Fonte: Sebrae (2015)
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