O perfil do profissional no pós-coronavírus
O perfil do profissional pós-coronavírus, características que fazem a diferençaPublicado em 22/06/2020
O futuro não será a repetição do passado! A crise coronavírus impactou todo o mundo e nos ensina que muitas coisas passarão a ser radicalmente diferentes.
Mas, falar de mudanças, vai além do momento presente. O naturalista, geólogo e biólogo britânico Charles Darwin já postulava em 1859 em seu livro “A Origem das Espécies”, que a adaptabilidade dos animais é o que os faziam sobreviver.
Isso serve para todos nós!
As empresas, modelos de negócios e profissionais precisam se reinventar todos os dias.
Em um cenário de crises, como a que fomos impactados pela COVID-19, novas competências profissionais surgem como determinantes para a sobrevivência nas empresas.
Desenvolver essas habilidades são condições de sucesso para o futuro. Elas são fatores diferenciais na atualidade, mas, que, a cada dia pós-crise, serão comuns e necessárias. Elas compõem um conjunto de conhecimentos, práticas e atitudes altamente alinhados com um mundo em disrupção.
Então, para ter sucesso no futuro pós-coronavírus é preciso agir desde já e isso é uma decisão. Escolha ser diferente a cada dia e desenvolver-se constantemente.
A pandemia antecipou algumas tendências:
O impacto do Coronavírus vem deixando sequelas muito negativas como pessoas doentes, óbitos, colapsos nos sistemas de saúde, crise econômica e muita ansiedade. Mas também podemos perceber que algumas realidades, vistas como tendências ou vetores de crescimento lento, foram aceleradas
Uma delas é o consumo consciente. A permanência das pessoas em casa e uma visão mais minimalista e consciente fez com que fossem ampliados alguns valores e práticas como reutilização, combate ao desperdício, redução da poluição, menos produção de lixo.
Outro aspecto que foi acelerado é o que podemos chamar de consumo social ou incentivo aos pequenos negócios. Movimentos estimulam a compra dos pequenos produtores e negócios do bairro. Alguns chamam isso de “glocalização” que é um neologismo que junta o termo “global” com “local” e usamos para explicar que podemos diminuir o consumo de marcas globais e apoiarmos os negócios locais. Nesse momento também surgiram marcas “do bem” que proporcionaram produtos e recursos financeiros para a minimização dos problemas decorrentes do novo vírus.
O consumo digital também foi fortemente acelerado. Reuniões por videoconferência, webinars, cursos on-line, e-commerce e aplicativos nunca foram tão utilizados como agora.
As características do profissional pós-Corona:
Quais são as características que farão a diferença para um profissional após essa grande mudança?
Resiliência Evolutiva – Durante muito tempo falou-se que “a capacidade de resistir às adversidades e voltar ao estado original” sempre foi um grande diferencial de sucesso. Hoje isso não basta. É necessário resistir às dificuldades, aprender com as experiências, entender as oportunidades de desenvolvimento e ser melhor, evoluindo a cada novo desafio. Chamamos de resiliência evolutiva a capacidade de aprender com os desafios e voltar melhor do que era antes
Usar tecnologias novas – Podemos dizer que o profissional pós corona precisa ter a capacidade de criar, engajar e nutrir redes de negócios ou mudanças sociais através do uso inteligente de mídia eletrônica, tecnologias emergentes e dos recursos digitais. O mundo digital requer linguagens, interações, comunicações e relacionamentos bastante diferentes do tradicional e isso requer uma cultura própria, enraizada naturalmente nos novos hábitos e atitudes dos profissionais e empresas.
Recapacitar-se continuamente – Chamada mundialmente de “reskilling”, podemos traduzir essa competência como “recapacitação”, “retreinamento” ou mesmo “construção de novas habilidades” É quase uma reinvenção de si mesmo, buscando se desenvolver em tempo real, renunciando às velhas certezas e vivenciando o papel de um eterno aprendiz. Para isso é necessário “aprender a desaprender”, ou seja, estar disposto a aprender abandonando os velhos pressupostos e convicções.
“Sense and respond” – É preciso agir rápido, com senso de urgência apurado. Num mundo tão incerto, esperar pode ser a pior escolha. Ao identificar a necessidade ou a oportunidade da mudança, não espere. Faça!
Humildade – Não confundir coragem com a necessidade de ouvir, se saber que não é dono da verdade, de que o ponto de vista do outro acaba é enriquecendo o mosaico. O líder criativo não defende suas ideias mas as apresenta como um rascunho a ver aperfeiçoado pela equipe.
Compaixão –Compaixão é admitir que o ser humano precisa do outro. Nós somos dos mamíferos que precisamos do apoio dos pais para viver nos primeiros dias pois nascemos incompletos, não totalmente prontos para a vida. Enquanto o cavalo anda no mesmo dia hoje tem crianças demoram quase um ano para caminhar. Portanto, em tempos de pandemia é preciso que todo o profissional não faça apenas sua tarefa mas o que é esperado dele como ser humano.
Agente de segurança – A pandemia nos trouxe a exigência de aprendermos sobre precauções, protocolos de segurança, procedimentos de higienização até então desnecessários. E é preciso que diante do mundo das fake news o profissional pós-coronavírus seja um agente de conscientização do risco de cada decisão e que protocolos são recomendados em cada situação.
E como deve ser o líder nesse novo cenário?
É um líder criativo. Entendendo liderança como atitude, não como cargo.
Base da liderança criativa:
– Empatia Multifocal: Sabemos que é importante “colocar-se no lugar do outro” e isso significa empatia. Mas no mundo pós-Corona precisamos nos colocar no lugar “dos outros” sabendo que cada parte envolvida pode ter visão, desejos e necessidades radicalmente diferentes. Por isso é importante ser multifocal e não apenas entender as pessoas de maneira limitada e tendenciosa.
– Prototipação / Experimentação – É a capacidade de explorar sua criatividade para construir e desenvolver coisas novas, bem como se conectar com outras pessoas na criação. Sabemos que as criações devem ser testadas antes de entrar em uso na larga escala. Para isso, devemos criar versões iniciais rápidas de inovações com a expectativa de que o sucesso posterior exigirá falhas precoces. Daí a necessidade de saber cocriar e testar velozmente, errando rápido para aprender rápido.
– Colaboração – As pessoas juntas, em times e redes de colaboração, são mais capazes de estarem conectadas para o entendimento rápido do contexto e proposição das soluções. Esse pensamento, já falado por tantas vezes, continua mais que nunca valido para os novos tempos.
– Liderança por Propósitos – Durante muito tempo o pensamento dominante era que os líderes deveriam ser controladores de tarefas, mas, atualmente, o líder deve ser um incentivador de propósitos, um fomentador de causas e um exemplo dos valores que devem ser compartilhados nas equipes. Um propósito claro serve como o fator mobilizador para as mudanças de atitude, motivação, iniciativa, engajamento, inovação, solução de problemas e busca de oportunidades. Afinal, ninguém se apaixona por tarefas. As pessoas se engajam em causas que as inspiram!
Autores:
– Marcelo de Elias – mestre em Design, palestrante e professor da FGV e da Dom Cabral.
– Marcelo Pimenta – mestre em Planejamento Estratégico, palestrante e professor da ESPM e do Meu Sucesso.com.
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